quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Afrodescendentes _ Racismo e Violência cotidiana

"Gostaria de partilhar a minha profunda indignação e revolta com o que ocorreu com Leonardo Luz, nosso professor de dança na FUNCEB, no último sábado a tarde. Leo entrou na agência do Banco do Brasil no Pelourinho, aquela próxima da Igreja S. Francisco, e foi arbitrariamente preso pela polícia civil, por solicitação do segurança do banco (também negro como ele), sendo acusado de tentativa de clonagem de cartão e supostamente integrante de quadrilha dedicada a esse tipo de crime. Ele apenas fazia uma transação bancária , como faz há anos nessa mesma agência. No dia trajava-se de modo simples, como de costume, com camiseta, bermuda e calçando havaianas; mesmo identificando-se como professor de dança da escola vizinha ao banco, desde 1998, foi algemado e permaneceu preso até as 11h de segunda-feira. Não teve direitos mínimos garantidos pela constituição respeitados como o de comunicar-se com familiares ou advogado, além de ter sido coagido a assinar termo de culpabilidade pela delegada de plantão. Não havia qualque prova ou circunstância que amparasse a acusação e a truculência dos policiais civis. Leo foi retirado da agência ALGEMADO!!!!! Soubemos disso ontem, através do relato do próprio Leonardo, o qual vem sendo assistido e orientado por amigos para lutar por justiça e reparação, embora nada de efetivo tenha sido feito, ainda.

O fato nos leva a antigas constatações: qualquer pessoa de pele negra/afrodescendente e "mal vestida" aos olhos dos que introjetaram os valores racistas e segregacionistas é um criminoso em potencial e não merece qualquer respeito como cidadão de direitos. Em meu bairro, como em muitos outros de nossa cidade e país - 3 meses atrás perdi assim um sobrinho na periferia de São Paulo, e a cada semana sabemos de um caso de morte de jovens afrodescendentes; em Nova Brasilia, na semana passada, quatro homens encapuzados fuzilaram um rapaz de 16 anos (não há um mês sequer sem uma ocorência dessa natureza pelas imediações.
Além da necessária mobilização para exigir justiça e reparação e publicizar a truculência da polícia em relação aos nossos irmãos, penso que precisamos, entre outras frentes de luta contra a violência racial oficializada, pensar em estratégias para formar nossas crianças e jovens, nos espaços educativos oficiais e comunitários, em relação a legislação e aos direitos civis já conquistados e procedimentos possíveis, sobretudo quando esse tipo de violência ocorre em espaços públicos como o ocorrido com Leonardo. Precisamos pensar na formação para o desenvolvimento de estratégias de "defesa ciil" durante e após as violências cometidas. Enfim....são tantas as reflexões possíveis, mas essa atitude pedagógica de formação para a ação de defesa pautada nos direitos civis já conquistados e outros a serem perseguidos, precisa fazer parte de nossas estratégias de resistência e enfrentamento.

Estamos conversando na Escola de Dança da FUNCEB, professores/as e estudantes, para nos posicionamos ativamente em atos de solidariedade e de defesa de Leo nesse momento e marcarmos posição a respeito de que esse não é um fato isolado.Amanhã trataremos desse tema com a direção e o coletivo da Escola, aceitamos sugestões".



Por Lucinete Chaves



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